Jean Paul Sartre
Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em 21 de junho de 1905 em Paris. conhecido como representante do existencialismo, repelia as distinções e as funções oficiais e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964. Filho de Jean-Baptiste Marie Eymard Sartre, oficial da marinha francesa e de Anne-Marie Sartre. Após o nascimento de Jean-Paul seu pai sofreu uma recaída e retirou-se com a família para Thiviers, sua terra natal, onde morreu. Jean-Paul, órfão de pai, e então com 15 meses, muda-se para Meudon com sua mãe, onde passam a viver na casa de seu avós maternos.
O avô de Sartre, Charles Schweitzer nasceu em uma tradicional família protestante alsaciana da qual faz parte, entre outros, o famoso missionário Albert Schweitzer, sobrinho de Charles. Ao fim da guerra franco-prussiana, Charles optou pela cidadania francesa e tornou-se professor de alemão em Mâcon onde conheceu e casou-se com Louise Guillemin, de origem católica, com quem teve três filhos, George, Émile e Anne-Marie.
Após o regresso de Anne-Marie, os quatro viveram em Meudon até 1911. O pequeno "Poulou", como Jean-Paul era chamado, dividia o quarto com a mãe. Em seu romance autobiográfico "As Palavras" (Les Mots) confessa que desde cedo a considerava mais como uma irmã mais velha do que como mãe.
Sartre vive uma vida tipicamente burguesa, cercado de mimos e proteção... Até os 10 anos foi educado em casa por seu avô e por alguns preceptores contratados. Com pouco contato com outras crianças, o menino tornou-se, em suas próprias palavras, um "Cabotino" e aprendeu a usar a representação para atrair a atenção dos adultos com sua precocidade. Após aprender a ler, Jean-Paul alterna a leitura de Victor Hugo, Flaubert, Mallarmé, Corneille, Maupassant e Goethe, com os quadrinhos e romances de aventura que sua mãe comprava semanalmente às escondidas do avô. Apenas seu avô o desencorajava da escrita e o incentivava a seguir carreira de professor de letras. Sem enxergar nele o talento que os demais viam, mas conformado com o fato de que seu neto "tinha a bossa da literatura". "Perdido, aceitei, para obedecer a Karl, a carreira de escritor menor. "Em suma, ele me atirou na literatura pelo cuidado que desprendeu em desviar-me dela" diz Sartre.
Em 1921 retorna ao Liceu Henri IV, agora como interno. Encontra Paul Nizan e os dois tornam-se amigos inseparáveis. De 1922 a 1924, ambos estudam no curso preparatório do liceu Louis-le-Grand, onde se preparam para o concurso da École Normale Superieure. Nessa época despertou seu interesse pela filosofia. Os alunos da escola se dividem em grupos de afinidades religiosas ("ateus" e "carolas"), e facções políticas: Socialistas, comunistas, reacionários, pacifistas. Sartre adere aos ateus e aos pacifistas. Além de Bergson, passou a ler Nietzsche, Kant, Descartes e Spinoza. Já na escola começa a desenvolver as primeiras ideias de uma filosofia da liberdade leiga. Em 1928 presta o exame de mestrado e é reprovado. Durante o ano de preparação para a segunda tentativa, estuda com Nizan e René Maheu na Sorbonne. Conhece a namorada de Maheu, Simone de Beauvoir que mais tarde se tornaria sua companheira e colaboradora até o fim da vida. Maheu havia apelidado Simone de Beauvoir de "Castor", devido à semelhança de seu nome com Beaver (Castor em inglês) e também "porque ela trabalhava como um castor". Sartre assume o apelido e passa a chamá-la de Castor pessoalmente e em todas as cartas que lhe escreveu. Na segunda tentativa do mestrado, Sartre passa em primeiro lugar, no mesmo ano em que Beauvoir obtém a segunda colocação.
Sartre e Beauvoir nunca formaram um casal monogâmico. Não se casaram e mantinham uma relação aberta. Sua correspondência é repleta de confidências sobre suas relações com outros parceiros. Além da relação amorosa, eles tinham uma grande afinidade intelectual. Entre 1929 e 1931, Sartre presta o serviço militar e torna-se soldado meteorologista. Escreve alguns contos e começa a trabalhar em seu primeiro romance, "Factum sur la contingeance" (Panfleto sobre a contingência), que depois viria a se chamar "La Nausée" (A náusea).
Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Na década de 1950 assume uma postura política mais atuante, e abraça o comunismo. Torna-se ativista, e posiciona-se publicamente em defesa da libertação da Argélia do colonialismo francês. A aproximação do marxismo inaugura a segunda parte da sua carreira filosófica em que tenta conciliar as ideias existencialistas de autodeterminação aos princípios marxistas. Considerado por muitos o símbolo do intelectual engajado, Sartre adaptava sempre sua ação às suas ideias, e o fazia sempre como ato político. Em 1963 Sartre escreve Les Mots (As palavras), lançado em 1964, relato autobiográfico que seria sua despedida da literatura. Em 1964 recebe o Nobel de Literatura, que ele recusa pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. No mesmo túmulo jaz Simone de Beauvoir.
Principais Obras:
* La nausée (A náusea), romance - 1938
* Le mur (O muro), contos - 1939
* Les mouches (As moscas), teatro - 1943
* L'être et le néant (O ser e o nada), tratado filosófico - 1943
* Huis-clos (Entre quatro paredes), teatro - 1945
* L'Existentialisme est un humanisme (O existencialismo é um humanismo), transcrição de uma conferência proferida em 1946 - Texto posteriormente rejeitado por Sartre.
* Qu'est ce que la littérature? (O que é a literatura?), ensaio - 1947
* Baudelaire - 1947
* Les mots (As palavras), Autobiografia - 1964
* L'idiot de la famille - Gustave Flaubert de 1821 à 1857 (O idiota de família), biografia inacabada deGustave Flaubert. Apenas dois dos quatro volumes planejados foram escritos - 1971 (Vol I) – 1972(vol II)
Frases:
"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós."
"Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros."
"O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio."
"Não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos."
"Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas."
Vídeo:
Entrevista com Jean Paul Sartre.
Algumas frases.
Fotos.
Simone de Beauvoir,Jean-Paul Sartre e Che Guevara.
Rua com nome de Sartre e Simone.
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